Revista do Instituto Histórico de Passo Fundo
Amadeu Goelzer
Meu pai, Fernando Goelzer, tinha engenho de soque de erva no Butiá. Eram nove irmãos que trabalhavam na grande roda tocada por a água. Essas ervas eram transportadas para o Rio Pardo por carreta de bois; as carretas, cada uma puxada por 5 e 6 juntas de bois, ou sendo 10 a 12 bois cada carreta.
A viagem do Butiá via Carazinho Soledade levava três meses de ida e volta. O carreteiro chefe era um tal de Salvador e dois companheiros Anastácio e Crespo este chamado de (ilegível) girapeão, pois era o que cuidava dos bois nas sesteadas fazia a bóia etc.
As mulheres dos carreteiros, no dia em que eles saiam para a longa viagem, acompanhavam os maridos até a primeira sesteada. E a tarde voltavam para casa, pois levavam três meses para verem os maridos; a viagem de ida e volta das carretas era de três meses, isto quando o tempo ajudava.
As ervas eram levadas em barricas de madeira e cestos de taquaras; NB a erva fabricada por meu pai tinha o nome da minha mãe Eufrásia; esta erva Eufrásia em 1901 ganhou em Porto Alegre numa exposição uma grande medalha de prata com o símbolo da bandeira do Rio Grande, cuja moeda lha tenho de recordação.
NB na volta as carretas traziam farinha de trigo, barricas de bolachas e barriquinhas de camarões.