EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
PROC. Nº 2571/11
PLL Nº 109/11
A presente Proposição pretende denominar Rua Padre Arthur Morsch o logradouro público cadastrado conhecido como Rua 7012 – Loteamento Moradas do Sul.
O Campo do Meio fica entre o Mato Castelhano e o Mato Português, em Passo Fundo. Separava dois acampamentos de exércitos que lutavam pela posse da região fronteiriça entre os reinos de Portugal e de Espanha, que dividiam o mundo. Na campina entre um e outro é que se travavam os sangrentos entreveros, buscando fixar a inconstante linha limítrofe que oscilava entre o ocidente e o oriente, até que o Tratado de Madri, que trocou a Cisplatina pelos Sete Povos das Missões da banda oriental do rio Uruguai, desse a posse definitiva aos portugueses.
Destruídas as Missões e dispersos os índios das reduções, ficaram, naquelas planuras ondulantes, os gados, cavalar e muar, em grande quantidade. Soltos, alçados. Sem dono. Dizia-se que era gado orelhano, apelido derivado do nome do jesuíta padre Cristobal de Mendonça Y Orelhano, que foi o primeiro tropeiro do Rio Grande, pois trouxera, através de Correntes, as primeiras tropas para as reduções guaranis do lado de cá do rio Uruguai.
Dos lugares de pouso dos tropeiros nasceram cidades como Cruz Alta, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria.
Fiquemos em Passo Fundo. Foi no Campo do Meio que nasceu, em 15 de janeiro de 1911, Arthur Rocha Morsch. O “rocha” do homenageado é de tropeiro, daqueles tempos recuados. Haja paciência, força e tenacidade!
O primeiro alemão a chegar em Passo Fundo foi Adam Schell, bisavô de Arthur Morsch. Uma neta de Schell, Leopoldina, casou com Guilherme Morsch, médico-cirurgião vindo das margens do Reno, e tiveram filhos, entre os quais Ernesto Morsch, que se casou com Lucinda de Oliveira Rocha, pais de Arthur Morsch, um entre os doze filhos do casal.
Arthur Morsch formou-se em Medicina, para depois, movido pelo chamado de sua vocação sacerdotal, ingressar no Seminário dos Padres Jesuítas, em Pareci Novo, em 29 de fevereiro de 1936. Cursou Letras Clássicas no Colégio São José, na mesma cidade, Filosofia no Seminário Central e Teologia no Colégio Cristo Rei, ambas em São Leopoldo.
Após percorrer todos os passos de sua formação para a vida sacerdotal, foi ordenado presbítero em 7 de dezembro de 1947, no Colégio Cristo Rei.
Na Companhia de Jesus, Ordem dos Padres Jesuítas, exerceu inúmeros cargos e funções durante sua vida sacerdotal. Lecionou Literatura e Biologia. Foi professor-diretor da Congregação Mariana Auxilium Christianorum, prefeito espiritual e confessor, assistente eclesiástico da Congregação Mariana dos Formandos e cuidou do encaminhamento religioso de inúmeras pessoas por meio dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loiola. Celebrava missas nas paróquias vizinhas da Capital.
Foi, também, assistente eclesiástico do Instituto Social Cristão de Reforma de Estruturas – ISCRE –, que depois passou a ser o Instituto de Desenvolvimento Cultural – IDC –, voltando-se, então, para a análise e conceituação da cultura alicerçada na fé, a fim de orientar as inteligências na crise das ideias do mundo atual.
O padre Arthur Morsch, preocupado com a boa imprensa, fundou, juntamente com Alaor Antônio Wiltgen Terra, a revista “Cultura e Fé”, lançada pelo IDC, em 1978, como primeiro instrumento na realização desse objetivo.
Sua profunda cultura fazia com que o padre Arthur Morsch fosse convidado, com muita frequência, para proferir palestras por todo o Brasil e fora do País. Homem de alma generosa, procurava ajudar a todos, dentro das suas possibilidades, com alegria e dedicação, permanentemente preocupado com os aspectos espirituais. Tinha grande zelo apostólico no trato com as pessoas ao seu alcance.
Padre Arthur Morsch faleceu no Hospital São Lucas da PUCRS, no dia 12 de novembro de 2007, aos 96 anos de idade, 71 de Companhia de Jesus e 59 de sacerdócio.
Por sua contribuição à cultura, entendemos que seu nome é digno de figurar como denominação de um logradouro público de nossa Cidade.
Sala das Sessões, 8 de julho de 2011.
VEREADOR JOÃO CARLOS NEDEL