O avô Fernando (Carl Ferdinand) Goelzer nasceu em 07/10/1859 em Rio Pardinho, Candelária, Santa Cruz do Sul, filho de Jacob Gölzer e Maria Elisabetha Weirich.
Acima aparece o registro de Confirmação de meu avô Carl Ferdinand (Fernando) realizada em 06/04/1873 na Igreja Evangélica Luterana de Santa Cruz do Sul. Ele tinha 13 anos de idade e indica que residia em Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul.
No convite para a Segunda Reunião da Família Goelzer consta o seguinte:
"Em 1876, com 17 anos, Fernando transferiu-se para Rio Pardo, onde aprendeu o ofício de sapateiro com a alemão Augusto Condemann. Em 1878, veio para Passo Fundo com uma tropa de cargueiros de propriedade do Sr. João Vergueiro, pai do Dr. Nicolau de Araújo Vergueiro.
Por solicitação do então prefeito de Passo Fundo, Sr. Frederico Jacob Kurtz, João Vergueiro aceitou a incumbência de trazer para cá um sapateiro. O prefeito também era sapateiro."
Em 1878, ao chegar em Passo Fundo, Fernando tinha 18 ou 19 anos (depende em que mês chegou). No dia 2 de março de 1880 Fernando casou com Eufrazia Dias. Fernando tinha 20 anos e Eufrazia, dona de uma casa na Avenida Brasil da época, teria 19 anos. O casamento foi realizado na casa de Jorge Schell. João Schell foi uma das testemunhas. Jorge e João, como vimos acima, eram irmãos de Leopoldina, esposa de Guilherme Morsch. O clã Schell era muito poderoso (comércio, política, sociedade).
O casal Eufrazia e Fernando teve onze filhos:
Jorge nasceu em 18/02/1881 em Passo Fundo, RS. Casou com Rosina de Miranda Lima.
Alfredo nasceu em 24/09/1884 em Passo Fundo e faleceu com 17 anos.
Alvina nasceu em 06/10/1887 em Passo Fundo e casou com Arthur Reinoldo Diehl.
Izulmira nasceu em 1890 em Passo Fundo e casou com Otacílio de Lima.
Fernando nasceu em 1892 em Passo Fundo e casou com Liduina Carpes.
Waldomira nasceu em ~1894 em Passo Fundo e casou com Lindolpho Engelsing.
Euclides nasceu em 14/09/1892 em Passo Fundo e casou com Alice Sperry. Euclides casou em segunda núpcias com Nilva Kuhn.
Otaviano nasceu em 04/08/1899 em Passo Fundo e casou com Edith Issler.
Mario (nosso pai) nasceu em 22/01/1901 no Butiá, distrito de Coxilha, Passo Fundo e casou com Otilia Morsch.
Amadeu nasceu em 10/08/1902 no Butiá, distrito de Coxilha, Passo Fundo, casou com Maria Piazza e faleceu no dia 31/07/2000, alguns dias antes de completar 98 anos.
Edemundo nasceu em 08/10/1906 no Butiá, distrito de Coxilha, Passo Fundo (Vó Eufrazia já teria 46 anos) em Passo Fundo e casou com Clementina Josefina Colpo Santini.
Solicitei do Cartótrio as Certidões de Nascimento dos últimos cinco filhos (Euclides, Otaviano, Mario, Amadeu e Edemundo) e, em todas as Certidões, Vô Fernando declara, na presença de testemunhas, que os pais de Eufrazia são Jorge Schell e Maria das Dores Coelho. Evidências adicionais não precisam ser apresentadas.
Portanto a Vó Eufrazia Goelzer e o Vô Ernesto Morsch eram primos irmãos (Jorge é irmão de Leopoldina, mãe do Vô Ernesto). Quando pequeno, ouvia falar que Eufrazia era Schell. Mas não que eram primos irmãos. Outra consequência é que os pais Otilia e Mario eram primos segundos ! Isto significa que filhos e filhas de Otilia e Mario tem descendência Schell dos dois lados.
Adão Schell é Tataravô "duplo", através de Jorge/Eufrazia/Mario e Leopoldina/Ernesto/Otilia.
A situação dos irmãos Leopoldina e Jorge é interessante, ela nossa bisavó por parte de Otilia e ele nosso bisavô por parte de Mario.
Os avôs Fernando e Ernesto (primeira geração nascidos no Brasil) tiveram vida interessante e de sucesso. A foto abaixo (pouquíssima qualidade) mostra meus avós: à esquerda Vó Eufrazia e Vô Fernando e à direita Vó Lucinda e Vô Ernesto.
Foto na sala de jantar da casa do
Vô Fernando em Coxilha
No meio aparece um o primo Rômulo, filho do tio Amadeu, um dos dois músicos da família. O outro era o Miguel Goelzer Lima. Eram compositores, letristas e intérpretes de muito sucesso.
Os dois casais da foto tiveram um total de 21 filhos - outros tempos.
A casa do Vô Fernando em Coxilha aparece ao fundo da foto abaixo de 1939 quando eu tinha cerca de um ano de idade.
À esquerda a mãe Otilia e à direita a querida irmã Ligia
O catavento que aparece no fundo da foto era usado para carregar as baterias indispensáveis para ouvir o rádio. Coxilha não teve eletricidade na maior parte de minha infância. As toras de madeira que aparecem na foto eram da serralharia do pai, situada bem à direita da foto, na esquina da rua que passava na frente de nossas casas com a rua que subia para a Igreja e o Grupo Escolar.
Minha irmã Maria de Lourdes, que já estudava em Passo Fundo, vinha nos visitar de vez em quando. Na foto acima que ela tirou, ela estava de costas para a Estação Ferroviária.
A nova casa de Otilia e Mario, a nossa casa, foi construída ao lado da casa do Vô Fernando (à direita, na foto de 1939), de frente para a estação ferroviária e ao lado da estação rodoviária. Saindo de nossa casa (mais tarde quando pronta) e caminhando em linha reta (tinha um espaço grande para circulação) se chegava na escada que descendo dava na via férrea.
Quando jovem (cerca de 14 anos) meu pai me encarregou algumas vezes de ir pagar uma conta em Passo Fundo. Eu pegava o trem das 14h20 (estação ferroviária na frente de casa), pagava a conta, e voltava pelo ônibus que saia de Passo Fundo pelas 17H30 e que parava na estação rodoviária ao lado da casa.
Abaixo outra foto na sala da casa do Vô Fernando:
Da direita para a esquerda a mãe Otilia, o pai Mario e o vô Fernando
O Vô Fernando Goelzer tornou-se proprietário de uma enorme fazenda. Inicialmente ele comprou as terras de dona Maria Domingues do Rosário, viúva do sr. Manoel Luiz da Rocha. Depois ele trocou a casa que Eufrazia tinha recebido de presente de sua madrinha Dona Luciana Altina de Jesus pelas terras pertencentes a João Schell. João Schell não teve descendência. Para detalhes do contrato de troca: Troca da casa de Eufrazia por campos de João Schell (da Revista do Instituto Histórico de Passo Fundo). A casa de Eufrazia tinha frente de 97 palmos (22 metros) na Rua do Comércio (atual Avenida Brasil) e fundos até a Rua Paissandú.
Os kerbes de 3 dias que Eufrazia e Fernando realizavam na fazenda eram muito concorridos e animados (me lembro de um deles). Churrascos, bailes, brincadeiras, muitos bolos e doces, etc.
A influência política de Fernando Goelzer era natural para um daqueles grandes proprietários considerados “coroneis”. Uma prova da influência política é a carta que Antunes Maciel (foi Ministro dos Negócios do Império; sob a República, foi um dos fundadores do Partido Federalista, eleito deputado federal pelo 3º distrito do Rio Grande do Sul em duas sucessivas legislaturas, desde 1906 até 1911) enviou ao Coronel Fernando Goelzer em 19/12/1932:
“(...) É que estamos precisando do prestígio do seu nome respeitado, para o fortalecimento, nesse município, do Partido Republicano Liberal. Essa agremiação pujante e cheia de futuro – que se ergue sobre princípios que sempre nos guiaram – sob uma bandeira ampla e acolhedora e sob a égide da individualidade generosa de Flores da Cunha – bem merece a solidariedade do velho campeão liberal que me foi companheiro de barraca, em 1923. Assim, cumpre-me apelar para ele, no sentido de não recusar essa solidariedade, de prestar todo o apoio ao novo partido e de, em meu nome, apelar para outros companheiros passo-fundenses como Inocêncio Schelader, João Fagundes, José de Souza Sobrinho, etc. (...).” Além de envidar a solidariedade, Maciel procurava convencer o destinatário a ampliar a filiação ao PRL. Assim, o partido poderia contar com a disseminação do seu programa e com uma estrutura eleitoral também no interior do estado.”
O Quartel General das Forças Revolucionárias em Carazinho enviou a seguinte carta:
"Ilmo. Sr. Coronel Fernando Goelzer
Comunico a V.S. que fostes nomeado Coronel das Forças Revolucionarias contra a Tyrania do Dr. Borges de Medeiros, devendo V.S. organizar, desde já, o Corpo sob vosso comando, bem como o respectivo Estado Maior e Officialidade, comunicando a este Quartel General a sua organização logo que se torne effectiva.
Tudo pela Liberdade
O general chefe: João Rodrigues Menna Barreto"
Para uma boa explicação da Revolução de 1923 ver A revolução de 1923 começou no distrito de Carazinho.
Na revolução de 1923 tem esta foto de Fernando Goelzer (ele é o terceiro da direita para a esquerda, mão direita erguida):
No convite para a Segunda Reunião da Família tem o texto seguinte:
"O cel. Fernando com os filhos Otaviano, Amadeu, Jorge e Cap. Edmundo fizeram parte da Tropa Federalista do Cel. Felipe Portinho (maragato), com o desenrolar da Revolução tiveram que emigrar para Santa Catarina. Foram até Itararé e Itapetininga em São Paulo. Com o término da Revolução, o Coronel Fernando, Jorge e Otaviano voltaram para Passo Fundo, na fazenda do Butiá Grande. Amadeu e Edmundo ficaram em Capinzal-SC, onde casaram, voltando para cá após 10 anos."
É uma demonstração do engajamento nas lutas políticas de um membro da primeira geração no Brasil. Na foto abaixo Eufrazia e Fernando Goelzer.
Fernando faleceu em 1943 e Eufrazia em 1947 em Coxilha
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